“É moralmente urgente termos conversas honestas sobre outras maneiras de criar nossos filhos, na tentativa de preparar um mundo mais justo para mulheres e homens.” Chimamanda Ngozi Adichie – Para educar crianças feministas: Um manifesto.
A educação das crianças sob a perspectiva feminista pressupõe, necessariamente, a nossa própria reeducação – desconstruir preconceitos para conseguirmos olhar para os pequenos seres humanos em desenvolvimento além dos esteriótipos de gênero.
Quando falamos em criação feminista, logo pensamos em empoderar meninas, mas tão importante quanto é educar meninos para que não perpetuem o machismo e a misoginia. Este último ponto, particularmente, é o maior desafio, porque não se trata de passar novos valores, simplesmente, mas de ensinar meninos a questionarem e rejeitarem o papel de privilégio que a eles é dado, em nossa cultura, há milênios.
Separei 9 passos para empoderar meninas e ensinar meninos a não perpetuarem o machismo:
- Não existe “coisa de menina e coisa de menino”! Nunca diga que eles devem fazer ou deixar de fazer algo por serem meninos ou meninas;
- Ensine sobre consentimento;
- Meninos podem chorar! Devemos ensiná-los a identificar seus sentimentos, incentivá-los a falarem sobre eles e expressá-los de forma saudável;
- Ensine-os que não sejam indiferentes às injustiças e desigualdades;
- Elogie menos suas qualidades físicas e mais as intelectuais e de caráter. Ao invés de dizer “você é muito linda(o)”, diga “você é muito esperta(o)”, “como você é bondosa(o)!”;
- Ensine-os a serem eles mesmos, a se orgulharem de quem são e a praticarem o amor próprio;
- Ensine-os a questionarem a linguagem. Adichie enfatiza: “a linguagem é depositária de nossos preconceitos, crenças e pressupostos. Portanto, embora ao chamar as meninas de ‘princesas’ as pessoas tenham boa intenção, ‘princesa’ é uma palavra carregada de pressupostos da delicadeza dela e do príncipe que a resgatará”;
- Ensine que a ideia de “papéis de gênero” é um absurdo. Os pais devem estar atentos para evitar os papéis de gênero no trabalho doméstico e no cuidado com as crianças;
- E, finalmente, dê o exemplo! Ações falam mais alto do que palavras.
Dra. Anna Carolina da Fonseca
Médica Pediatra
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