Enurese é definida como a perda involuntária de urina nas roupas ou na cama em crianças com 5 anos ou mais, ocorridas pelo menos 2 vezes na semana e por no mínimo 3 meses consecutivos. Ela acomete 5 a 10% das crianças com menos de 10 anos, sendo mais comum nos meninos.
Pode ser classificada como primária, em crianças que nunca apresentaram controle miccional, ou secundária, em crianças que conseguiram controlar a micção por pelo menos 6 meses, mas voltaram a fazer xixi na cama.
Apesar de não ter uma causa única definitiva, há fatores que influenciam no seu aparecimento, como eventos estressantes, incapacidade de reconhecer quando a bexiga está cheia, dificuldade de acordar durante um sono profundo e produção alterada de hormônios antidiuréticos.
Antigamente, a enurese era considerada uma alteração de comportamento da criança, que muitas vezes era submetida a castigos e punições. Atualmente, sabe-se que fazer xixi na cama não é “culpa” da criança. Existem alterações orgânicas e hormonais que justificam esse problema. Alterações psicológicas também podem levar ao aparecimento da enurese, como a separação dos pais, perda de parentes próximos ou mesmo troca de escola. Sabe aquela história da criança que voltou a fazer xixi na cama depois do nascimento de um irmãozinho?
A abordagem diagnóstica da enurese primária é realizada por meio de exclusão das hipóteses que têm a perda involuntária da urina como um dos sintomas, como por exemplo infecções do trato urinário, diabetes mellitus, doença renal crônica e hipertireoidismo.
Para o manejo da enurese, podem ser realizadas algumas dinâmicas na tentativa de não precisar recorrer a medicamentos, como por exemplo: alarmes de cabeceira, não oferecer água para a criança antes de dormir, criar calendários marcando as “noites secas” e “noites úmidas”, fazer a criança urinar antes de dormir e criar uma rotina para que as idas ao banheiro sejam mais frequentes.
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Dra. Anna Carolina da Fonseca
Médica Pediatra
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